Comparação, correspondência, e conservação do número.
A invenção dos números é uma
história anônima que podemos nos apropriar.
Utilizamos os números em
diferentes funções no dia a dia, como números de telefones, endereços, etc. A
criança faz uso de algumas dessas funções desde, aproximadamente, dois anos,
mas a compreensão operatória de número depende do estabelecimento de relações
que somente alguns anos mais tarde ela irá construir.
A forma como a criança
estrutura esse conceito foi estudada por Piaget, que relaciona a construção
operatória do número aos conceitos de classificação e seriação.
Classificação – Chamamos de classificação ao
ato de criar uma classe formada por elementos com algum atributo comum a todos
eles. Organizar e agrupar pela semelhança. A estrutura lógica de classificação
se desenvolve de forma gradual e em etapas.
Nível de coleções figurais - Uma criança do
nível pré-operatório (3 ou 4 anos) fará a classificações formando figuras –
cada objeto é considerado como parte de uma figura que está imaginando. Nessa
fase a relação entre as partes é elemento-elemento.
Nível de coleções não figurais- As coleções
são formadas levando em consideração características comuns a todos. As
crianças nessa fase desenvolvem a possibilidade de dar um nome a todos os
elementos baseando-se em uma característica comum a todos os elementos. A
relação entre os objetos é elemento-classe.
Nível da classificação operatória - Só é
atingido com a aquisição da reversibilidade e da capacidade de perceber
inclusões hierárquicas.
Reversibilidade representa a possibilidade de
verbalizar a volta ao começo em uma determinada operação.
Inclusão hierárquica é a possibilidade de
reconhecer classes encaixadas sucessivamente umas nas outras. Exemplo: Todas as
rosas são flores, mas existem flores que não rosas.
Seriação – Organizar pela diferença de forma
crescente ou decrescente por tamanho, peso, largura, comprimento.
Há
vários níveis de seriação.
Ausência de seriação – Nessa fase a criança
forma grupos com dois ou com três elementos.
Seriação por tentativas (série intuitiva) – A
criança tem dificuldade em selecionar qual peça é maior que todas as já
colocadas e, menor que todas as faltam para serem colocadas. Seu raciocínio
ainda não é reversível para considerar a relação entre dois sentidos contrários
– um objeto ser simultaneamente maior que um e menor que outro.
Série operatória - A partir de critérios
lógicos a criança é capaz de selecionar e antecipar o lugar de cada elemento.
Essa capacidade é chamada de transitividade.
O número operatório – se constrói quando uma
criança adquire a habilidade de classificar e dar nome a um conjunto e,
simultaneamente, é capaz de ordenar esses elementos.
Ao classificar os elementos
dando um nome a esse conjunto a criança está construindo o número cardinal
e ao seriar esses elementos ela estará construindo o número ordinal.
Conservação - A quantidade de matéria deve
permanecer a mesma independentemente das transformações em uma dimensão
irrelevante.
A conservação de quantidades é
construída pela criança de forma progressiva, isto é, a passagem da não
conservação para a conservação é um processo gradual provocado pela
reconstrução de esquemas já formados. Esse é um processo que deve ser
construído pela criança e não ensinado a ela diretamente.
Numerização - É a aprendizagem dos números em
sua correlação com suas respectivas quantidades.
Sequência numérica - 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9... segue progressivamente na
estrutura “mais um”. Cada número tem um antecessor e um sucessor, exceto o
zero.
O corpo aprende - Para que a criança possa se
apropriar do conceito de número é necessário que ela tenha a oportunidade de
vivenciar situações através de atividades ou jogos. Essas atividades devem
conter um dos sete princípios a seguir enunciados:
1. Correspondência: relação um a um.
2. Comparação: estabelecer diferenças ou
semelhanças.
3. Classificação: separar em categorias de
acordo com semelhanças ou diferenças.
4. Sequenciação: fazer suceder a cada
elemento, outro sem considerar a ordem entre eles.
5. Seriação: ordenar uma sequência segundo um
critério.
6. Inclusão; fazer abranger um conjunto por
outro.
7. Conservação: perceber que a quantidade não
depende da arrumação, forma ou posição.
Situações coletivas que permitem o trabalho de
construção do conceito de número
1. Distribuição de materiais: pedir à criança que
pegue material suficiente para ser distribuído para toda a classe ou para seu
grupo.
2. Coleta dos objetos distribuídos: pedir à criança
que recolha os objetos distribuídos, ou outro material.
3. Votação: fazer a votação para a decisão coletiva
de alguma situação pertinente ao momento do trabalho.
4. Jogos e atividades. Os jogos são excelentes para
meios para o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e da autonomia.
Para se trabalhar com jogos ou atividades é
necessário que sejam planejados os seguintes itens:
1. Objetivo: Devem dar a direção ao trabalho.
Pergunta: O que pretendo desenvolver no decorrer das atividades? O que?
2. Público: Quais serão os sujeitos para os quais a
proposta se destina. É preciso conhecer certas características do
desenvolvimento da criança para que as condições sejam favoráveis (adequação).
Para quem?
3. Materiais: Destina-se a produzir, organizar e
compor previamente o material que será utilizado. Com o que?
4. Adaptações: Com a finalidade de se tornar adequado
aos objetivos propostos, é recomendável que sejam feitas as modificações
que se fizerem necessárias. O profissional precisa dominar a estrutura do jogo
para que possa propor novas situações que enriqueçam a atividade. De que modo?
5. Tempo: É necessário considerar o tempo disponível
para a realização da proposta. Quando e quanto?
6. Espaço: levar em consideração o espaço onde
a atividade será desenvolvida. Onde?
7. Dinâmica: Relaciona-se aos procedimentos a serem
utilizados. Implica em planejar as estratégias que irão compor o conjunto de
ações de caráter funcional e aplicativo, considerando desde as instruções até a
finalização da proposta. Como?
8. Avaliação da proposta: Ao final da
atividade, realizar uma análise crítica dos procedimentos em relação aos
resultados obtidos. Qual é o impacto produzido?
Fonte da pesquisa: Aula ministrada pela professora Ynayah
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